segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Astrologia do Oscar

O maior número de atores e atrizes vencedores do Oscar é do signo de Capricórnio (como Nicolas Cage e John Voight na foto ao lado). Se considerarmos o número de troféus por artistas, são os Taurinos. E se considerarmos só na última década são os Leoninos.

As estatísticas nos mostram que a probabilidade de jogar um dado trinta vezes e cair exatamente cinco vezes cada um dos números de suas faces é muito pequena. Algum número será predominante. E ao estudar o signo do nascimento de cada um dos atores e atrizes vencedores do Oscar, naturalmente, alguns signos serão predominantes. Mas o que mais chama a atenção são as coincidências entre homens e mulheres para estes números, coincidências que, do ponto de vista probabilístico, são mais difíceis de acontecer do que o cenário dos dados.

O signo dos atores foi calculado com cuidado. Para aqueles que nasceram em dias de transição entre um signo e outro foi observado o mapa astral para se ter uma precisão bem maior. Inicialmente, foi considerada apenas a conquista do primeiro Oscar, pois a idéia central é destacar o perfil por signo. E em seguida, o total de troféus.

Concluída a pesquisa, a primeira constatação foi a predominância do signo de Capricórnio entre os maiores ganhadores. Tanto entre os homens, quanto entre as mulheres. Um quadro abaixo apresenta o número de atores e atrizes que venceram o Oscar na categoria atores e atrizes principais por signo do Zodíaco. Não há tanta discrepância, mas a diferença entre capricornianos e aquarianos, dois signos vizinhos do mês de janeiro, em ambos os sexos, mostra que existe alguma coisa. Aliás, em mais de 80 anos de cerimônia, nunca foi visto uma aquariana erguendo o troféu. Alguns livros de astrologia apontam que os três primeiros signos da lista total, Capricórnio, Áries e Touro, cujo símbolo arquetípico têm chifres, apresentam virtudes como a persistência, o trabalho e o esforço. O livro “Seu futuro astrológico” da astróloga Linda Goodman, uma das mais famosas do mundo, gasta alguns parágrafos contando sobre a disputa acirrada entre capricornianos e arianos, os signos que “conseguem tudo o que querem”. Aquarianos podem ser inteligentes e idealistas, mas como atores, ainda estão com os pés fora do chão para este tipo de conquista. Avoados tal como muitos livros classificam os signos aéreos (Aquário, Libra e Gêmeos).
Tabela 1 - Vencedores do Oscar na categoria de Melhores Atrizes e Atores por signo do Zodíaco

Foi calculada também, a idade média na primeira conquista de cada um dos atores. Os homens venceram em média com 43 anos de idade e as mulheres na faixa dos 35 anos. Nenhum homem faturou a estatueta antes dos 30 anos, mas duas mulheres obtiveram esta façanha aos 21. Mais uma vez, o ponto de vista astrológico revela uma coincidência. Ao calcular a idade média da primeira conquista, em cada um dos signos, o signo com a idade média mais alta foi o signo de Gêmeos. Tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Conhecidos por serem comunicadores de boa articulação, volúveis e avoados, este resultado poderia mostrar, por exemplo, que é o signo que mais demora para amadurecer dentro do ponto de vista artístico, evidentemente.

Tabela 2 - Idade média da primeira conquista do Oscar (melhor Ator e melhor Atriz) por signo

A astrologia tem inúmeros ramos. Estudos aprofundados de trânsitos astrológicos podem revelar as tendências e influências que cada época recebe. Mas quem seria capaz de apontar quais são as tendências do homem de tempos em tempos? Uma terceira coincidência foi evidenciada neste estudo. O signo do Leão não tem uma quantidade de conquistas realmente significativa no estudo, mas se for considerado somente as estatuetas dos últimos dez anos, ele apareceu muito. Desde 1999, entre os homens, Philip Seymour Hoffman, Kevin Spacey e Sean Penn (duas vezes) levantaram o Oscar. E entre as mulheres Helen Mirren, Charlize Theron, Halle Berry e Hilary Swank (duas vezes). Isto representa que quase a metade das estatuetas (45%) foram erguidas por leoninos em dez anos. E isto também representa mais da metade de todos os Oscars conquistados por leoninos.

Tabela 3 - Vencedores do Oscar de melhor Ator e Atriz de 1999 a 2008

E por último, foram constatados quais eram os atores e atrizes que conquistaram mais vezes o Oscar, por pelo menos duas vezes. Foram os taurinos, de novo tanto entre os homens, quanto entre as mulheres. Signo caracterizado pela teimosia e persistência, revelou bi-campeões como Gary Cooper, Jack Nicholson, Daniel Day-Lewis, Glenda Jackson e Katharine Hepburn (tetra-campeã). Taurinos conquistaram o maior número de prêmios em repetições. Mas também conquistaram o maior número no total de premiações. Foram 13 vezes entre os homens (empatados com os arianos – 13, e na frente de capricornianos – 11) e 11 entre as mulheres (na frente das escorpianas com 10 e capricornianas com 9). O total é de 24 subidas ao palco, bem à frente das 20 conquistas de capricornianos e também arianos.

Inúmeros fatos podem ser vistos apenas com esta amostra. À medida que os anos passam, outras descobertas podem ser concluídas, e a cada dia pode-se aprender mais. Mas o que mais impressiona são estes números singulares, representativos e interessantes. Tanto entre os homens, quanto entre as mulheres.

Tabela 4 - Número de prêmios distribuídos entre os vencedores (melhor Ator e melhor Atriz)


Realizado anualmente em Los Angeles nos Estados Unidos desde 1927, o Oscar é o mais importante prêmio que um cineasta pode almejar em sua carreira. Um colégio com mais de 5800 membros votam em diversas categorias e entre elas, a de melhor ator e a de melhor atriz do ano. Até hoje já foram premiados 142 atores e atrizes, sendo que alguns deles, já receberam o prêmio duas vezes ou mais.

Qual é o perfil destes vencedores? Palavras como esforço, inteligência, trabalho, persistência e coragem são freqüentemente repetidas nas discussões de premiação e na mídia, mas aquém das suas histórias de vida existe uma classificação curiosa conhecida como perfil astrológico.

A astrologia pode ser considerada uma ciência mística não comprovada para muitos, que além de duvidar de previsões em jornais, não entendem a razão pela qual a posição de alguns planetas pode influenciar as nossas vidas. Para estes, não se conhece algum fundamento lógico. Entretanto, outros poderiam dizer também não se sabe qual é a razão que levou os egípcios a conhecerem com precisão há alguns milênios, a distância da Terra ao Sol, o tamanho do diâmetro da Terra, a distância da Terra à Lua e muitos outros conhecimentos cartográficos e astronômicos fascinantes sem os instrumentos que usamos hoje. E o fato é que o documento mais antigo que se tem hoje sobre a astrologia é a roda do Zodíaco com todos os seus signos esculpida em alto relevo de granito no teto de uma sala no Templo de Dendara no próprio Egito há 5000 anos atrás.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Além do horizonte existe um lugar...

por Clarisse Colombo


"Além do horizonte existe um lugar. Bonito e tranquilo pra gente se amar", essa música da banda Jota Quest muita gente já ouviu, assim como bastante gente também conhece o litoral de Ilhabela – SP. Agora... o que poucas pessoas sabem é que ao sul da ilha encontra-se um sítio que se encaixa perfeitamente com esse trecho da canção: o Sítio Santa Seiva.

Acredito que posso também denominar este local de “a morada da vida”. Lá, seres iluminados e sensibilizados pela atmosfera naturalística fazem parte de todo um contexto, e recebem seus hóspedes como quem recebe a amigos de longas datas.

O criador do sítio-pousada chama-se Galeno, um bioarquiteto que saiu do tumulto de São Paulo, há mais de 30 anos, para se dedicar à construção do Sítio Santa Seiva. Foi ele que ergueu pedra sobre pedra e criou toda uma arquitetura a partir de peças e materiais de construção abandonados. Galeno, também chamado de “Ga”, possui uma vibe positiva inacreditável, sua força vai além dos músculos esculpidos por muito trabalho braçal.


Galeno (sentado) apreciando o "tapete rosa" formado por flores caídas da árvore de Jambo-Eugênia



A primeira vez que fui conhecer o lugar, instalei-me nas acomodações da Cabana da Goiabeira. Paredes com desenhos de cobra, flores e frutos compondo um visual de mata, porém com banho quentinho da combinação ducha e banheira, complementam o ambiente. Os detalhes prendem-se até nos lençóis bordados com a mesma estampa da cobra pintada na entrada do banheiro. Além dessa cabana, há outras com visual e nome diferentes. Todas num estilo roots, mas com o conforto necessário para acomodar bem aos hóspedes.

Outro diferencial do sítio é a piscina natural (água vinda do alto da montanha) que fica na casa do Galeno. Vale a pena conferir, também, o espaço com ervas medicinais e aromáticas que podem ser colhidas para a preparação de chás. Há ainda um lounge para festas, um outro dormitório com capacidade para mais de 20 pessoas e o refeitório.




Tenho certeza que este espaço é uma boa dica para quem quer sair da rotina de Sampa. Depois de um final de semana bem próximo da natureza e com companhias bacanas, a segunda-feira na cidade, certamente, será encarada de forma mais light.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A arte e sua participação no estranho comportamento humano.

Por Rodrigo Abrahim


A arte é conhecida por provocar sensações boas e ruins. Disso nós sabemos. O que pouca gente sabe, é que ela também é capaz de influenciar comportamentos. As artes plásticas – pintura e escultura – ao longo de sua história passaram por diversos momentos onde estes comportamentos foram peças chave na sua evolução. Evolução na arte, é preciso deixar claro, não é o progresso que conhecemos; é mais um autoconhecimento e uma mudança resultante dele.


Um estranho começo Comecemos então com nossos primeiros comportamentos causados – ou quem sabe: criados – pela atividade plástica.

Embora haja discordâncias, as pinturas rupestres, foram nossa primeira tentativa de dar função à imagem. Quem sabe imortalizar bravos feitos ou pedir aos céus por fartura na caça. Sejam quais fossem estas funções, elas também foram usadas mais tarde em totens, pingentes, em bonecos voodoo e outras “obras de arte”. Isso pode ser visto hoje por grande parte da nossa sociedade, como sendo frutos de mentes simples e atrasadas. Não sei se nossos antepassados mais primitivos eram atrasados ou simples, mas sei que eu nunca enfiaria um alfinete no olho de uma foto de minha mãe ou minha esposa, mesmo tendo a plena consciência de que aquela foto não está de forma alguma vinculada fisicamente a elas. Isso sim é estranho. E se este comportamento primitivo nos acompanha até hoje, muitas outras linhas de pensamento evoluíram e se tornaram mais estranhas ainda.


Já que estamos falando de costumes e mentes estranhas, mais tarde – porém relativamente recente – houve um povo citado como o berço da civilização como a conhecemos: os egípcios. Eles tinham o semelhante hábito de esculpir retratos de seus faraós em seus túmulos. Ninguém espera, no entanto, que segundo suas crenças, estes retratos não podiam ser iguais os seus retratados, ou na hora da ressurreição – sim, por que todos eles ressuscitavam, afinal eram faraós – sua alma podia encarnar na estátua e não no corpo correto. Faz sentido se pararmos para pensar, é algo que deve ter sido pensado e repensado.


A civilização grega é citada por todos os acadêmicos como o berço da cultura ocidental, e assim como a egípcia, também tinha muitos deuses, como nós temos muitos santos. Mas, tinham também o estranho hábito de não usá-los como exemplos e objetos de adoração, usavam em seu lugar seus heróis. É compreensível, já que os heróis, humanos por natureza, só possuíam virtudes. Força, coragem, amor, sempre prontos para morrer por sua casa e sua família, já os deuses, entidades divinas que eram, comiam seus próprios filhos, como Cronos; orquestravam assassinatos, como Zeus e cometiam adultério, como Afrodite. Sim, é compreensível.

Em todas as artes sempre houve aqueles artistas que tentavam o inatingível, que buscavam o novo. Cada período teve seus costumes, valores, modas e estéticas e toda época, sem exceção, tem seus inovadores. A novidade e o olhar único sempre foram características que alguns artistas achavam necessárias e muitas outras pessoas achavam tamanha liberação intelectual algo estranho e bizarro.


A igreja e o bizarro Leonardo Da Vinci já era um interessado pelo incomum. Além de resolver estudar anatomia de forma ilegal, até criminosa para a época, resolveu fazer estudos sobre o grotesco. Convenhamos, mesmo hoje, isso não gera lá muito interesse. Num tempo e lugar fortemente - e por que não dizer fanaticamente - católicos, pinturas que abordavam passagens bíblicas com um pouquinho mais de liberdade já eram vistas com olhos desconfiados e comentários reticentes e condenados pela igreja.

A tentativa de transgredir imposições da igreja, aliás, foi responsável por estabelecer algumas bizarrices que hoje nada seriam além de ótimas representações religiosas do catolicismo. Por exemplo, as duas famosas versões de São Mateus de Caravaggio, de 1602, onde um anjo lhe diz as palavras do Evangelho de Mateus. A igreja reprovou a primeira versão que mostrava um São Mateus com pés sujos, roupas modestas e a atitude simplória de um analfabeto tendo a mão guiada pelo anjo. A obra foi refeita retratando o santo usando uma nobre toga vermelha e escrevendo com ares de um escritor que está recebendo a inspiração de um anjo.



Moderno No século 19, Gustave Courbet, um artista da escola realista, saciou sua vontade de transgredir com sua obra, A origem do mundo. Mesmo no século 21 há quem confunda esta obra, academicamente respeitada, com pornografia. E a maioria dos observadores não esconde seu desconforto ao se deparar com o quadro num ambiente sobriamente intelectual no qual ele invariavelmente se encontra.


Surrealismo Houve um artista em especial, Hieronymus Bosch, atuante no século 15, que apesar de ter incluído temas religiosos em sua arte, usou também imagens caricatas de pecado e tentação inclinando-se ao extremo para o simbólico.

Quinhentos anos depois de Bosch, nasce o movimento artístico cuja razão de ser era a intenção de provocar ondas de uma sensação incômoda. Causar ações, reações e fazer o observador esperar o inesperado. Salvador Dalí, artista símbolo do movimento, com certeza estava muito familiarizado com o trabalho de Bosch.

Marcel Duchamp, outro surrealista, inaugurou em 1913 o que foi chamado de readymade, algo que em português se assemelha a ‘feito pronto’. Objetos encontrados, que durante sua vida útil tinham uma função óbvia e notória, passam a ser tratados como arte, tendo uma nova identidade, um novo contexto e um novo nome. A fonte, do artista é um dos melhores exemplos, e o mais famoso readymade de Duchamp. Um mictório de banheiro masculino, de porcelana branca, assinado, transforma-se na titular fonte meramente por ser batizado como tal.


Podemos sentir algo diferente também quando entramos em contato – pelo menos visual – com o objeto Le dejeuner en fourrure da artista suíça Méret Oppenheim. Imagine-se saboreando um chá. O mais saboroso chá de especiarias, quente, leite, mel ou limão. Como preferir. Seus lábios tocando a borda da xícara e os pelos molhados e malhados do objeto deixam a sensação suave... Espere um pouco. Pelos? Sim. Le dejeuner em fourrure de Oppenheim é uma xícara de chá acompanhada de pires e colher, cobertos de uma pelagem marrom e branca. Oppeinheim, não surpreendentemente, foi mais uma representante do surrealismo.


E agora? Todas estas imagens, objetos e idéias, são parte do que faz da arte algo sempre vivo. Mesmo estes artistas, através de suas estranhas idéias novas, mexem até hoje com nossas idéias, ideologias, conceitos, preconceitos, comportamento e tabus. Talvez agora entendamos um pouco mais sobre a “evolução” que a arte sofreu ao longo de nossa história. A outra pergunta é se nós evoluímos igualmente, se ainda mantemos muitos dos sentimentos se nossos antepassados, primitivos e modernos ou se estes incríveis homens e mulheres realmente tinham algo que os separavam da humanidade como a conhecemos e os faziam seres diferentes e estranhos.


*Rodrigo Abrahim, é formado em desenho industrial pela PUC do Rio de Janeiro. É ilustrador e escritor de livros infantis, e dá aulas eventuais de artes e técnicas de desenho e ilustração. É autor do livro "Quando eu crescer" lançado pela editora Elementar. Contato: rodrigo.abrahim@gmail.com

Gostaria de ter parido "O touro Ferdinando", mas o americano Munro Leaf o pariu primeiro em 1936.

Vai um brigadeiro aí?

Acompanhe uma caçada ao doce de chocolate e leite condensado pela Avenida Brigadeiro às 22h de uma noite qualquer

Fernando Marcondes de Torres


Brasileiro que é brasileiro gosta de brigadeiro, um doce que é bem nosso, talvez o mais popular de todos. Mas poucos paulistanos fazem a associação entre o quitute e duas das avenidas da cidade que levam o nome “brigadeiro”: a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na Bela Vista, e a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em Pinheiros.

Deveriam. É que o nome do docinho se deve exatamente à função dos militares que dão nome às avenidas. Na verdade, mais especificamente a outro militar, o Brigadeiro Eduardo Gomes que, em 1946, se candidatou à Presidência da República. As moradoras do bairro Pacaembu gostavam tanto do candidato que organizavam festas para promovê-lo. Em uma delas, surgiu o tal doce à base de leite condensado, chocolate em pó e manteiga, sendo batizado justamente com a profissão do candidato.

Pois bem. Para ver a quantas anda a fama do brigadeiro, propus a mim mesmo uma tarefa singular: percorrer a extensão da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na altura da Radial Leste, até cruzarmos a Avenida Paulista. A missão era parar em TODOS os bares, lanchonetes e demais estabelecimentos desse trajeto que comercializam comida e fazer uma pergunta bem simples: “Tem brigadeiro?”. Detalhe: fiz isso às 22h, de uma terça-feira qualquer.


Em baixa


Descobri que o doce anda meio em baixa na Avenida Brigadeiro. A maior parte dos bares e lanchonetes não vende brigadeiro e os fregueses nem sentem falta. É o caso do bar Flor de Goiânia. A atendente Laís Gonçalves, que trabalha lá há quatro anos, diz que o estabelecimento nunca vendeu o docinho e os clientes nunca reclamaram.

Outras tantas lanchonetes como a Rosa Baiana e o Nosso Lanchinho vão pelo mesmo caminho. Quando questionados sobre a estapafúrdia de um bar da Avenida Brigadeiro não vender brigadeiro, os atendentes se limitam a sorrir. Provavelmente, só agora “caiu a ficha” dessa dicotomia.

Já o dono da Lancheteria Castelinho, o português Justiniano Macedo, diz que parou de vender brigadeiro há apenas seis meses. “Era um brigadeiro especial, recheado, feito artesanalmente”, conta ele. E por que deixou de vender? “Infelizmente, os fregueses não procuravam muito. Mas eu pretendo voltar a vender em breve”, promete.

Brigadeiro’s

Se é verdade que a maior parte das lanchonetes e bares da Avenida Brigadeiro despreza o famoso doce de chocolate, em contrapartida, quem procura acha. Na doceria Almeida, encontrei um exemplar. Ou melhor, exemplares vendidos em bandejas fechadas – vinte pequenos brigadeiros por R$ 2,90. A proprietária do local, Marleide Quirino, conta que revende a cartela há dez meses e, sim, tem uma boa saída. Resolvi experimentar. Não passou no teste: muito doce e um pouco duro.

Mas a saga pela Avenida Brigadeiro continua. Mais adiante, no Supermercado Econ, uma rede popular, encontro outra espécie de brigadeiro: Moça Fiesta. “Ora”, alguém pode dizer, “mas isso não é brigadeiro”. Como não? Em tempos modernos, a versão enlatada pode, sim, ser considerada genuína. Só falta o granulado.


Aliás, há muito mais brigadeiros entre o Céu e a Terra – ou seria melhor dizer entre a Radial e a Paulista? – do que imaginam nossa vã filosofia. No espaço de conveniência do Auto Posto Bela Vista, encontro o picolé Brigadeiro, da Kibon. E, mais adiante, na lanchonete Faper Dog, foi a vez do Corneto Brigadeiro, da mesma marca. Pois é, o brigadeiro também virou sorvete. E ai de quem falar que não está valendo!

O legítimo

A essa altura, já estava relativamente satisfeito com o que havia encontrado. Porém, faltava ainda o brigadeiro gigante, aquele comercializado em padarias. O problema é que a rua é parca em “padocas’”. As poucas que havia já estavam fechadas àquela hora da noite.

Porém, a quase uma quadra da Avenida Paulista, eis que surge uma à nossa frente: a padaria do Extra. “Aqui com certeza tem”, eu apostei. A sorte foi ainda maior do que imaginava. Para começar, encontro um bolo de chocolate com recheio de brigadeiro, com a etiqueta “Bolo Brigadeiro”. Legítimo. Não falta nem o granulado!

E, por fim, na mesma padaria, o exemplar gigante do brigadeiro. Que tal fotografar? Ih, justo nessa hora apareceu o gerente, o Manuel da Silva, e me informou que fotos eram proibidas! Tive que comprar o tal doce para, aí sim, conseguir uma foto. Bom, essa alternativa não foi tão ruim. Afinal, aproveito para degustar a peça rara. E estava uma delícia!

Cheguei finalmente à Avenida Paulista, o término da viagem. Corri para pegar o metrô (Brigadeiro) a tempo de conseguir alcançar meu ônibus para o interior.


Foi nesse momento que percebi que ainda estava com metade da bandeja dos brigadeiros de festa, aqueles primeiros que encontramos. O que fazer com aquilo? Corri os olhos ao redor e notei um mendigo dormindo enrolado no cobertor, dentro do hall da Estação Brigadeiro. Não pensei duas vezes. Coloquei a bandeja ao seu lado e fui embora. Quando acordasse, ele não iria entender nada, e jamais faria a associação entre a Avenida, a Estação e o doce. Mas, provavelmente, agiria como qualquer outro brasileiro: comeria seus brigadeiros feliz da vida e lambendo os beiços.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A menina que colecionava colheres

Por Bianca Müller

Antes dela ser um utensílio doméstico, uma ferramenta muito útil para a alimentação ou até mesmo um objeto de suma importância para a culinária, ela é o meu item de colecionador.

Tudo começou em uma tarde na sorveteria em meados da virada do século. O sorvete, o lugar, a companhia... nada disso eu lembro. Mas a colher... Ah, foi inesquecível! Pequena, de plástico transparente, azul e toda redondinha. Não tinha nada a ver com aquela horrorosa pazinha de madeira que raspava nos dentes. Ela tinha forma, cor, formato e função. Um verdadeiro objeto de design.
Agora imagina você indo embora levando a colher. Aparentemente normal, se eu não quisesse levar uma de cada cor. Elas eram lindas poxa! Depois de experimentar alguns sabores e dar a desculpa 'a colher quebrou', consegui meia dúzia de cores variadas. E foi assim que tudo começou...

Teve outra ocasião, em uma sorveteria fina de um shopping chique em que a colher mais parecia uma espátulo. Entrou na coleção. Outra já parecia uma colher de medidas, de tão funda que era. Item de coleção.

Na família começaram a comentar:"Você sabia que a Bianca coleciona colheres?”. Era um espanto. Os mais velhos achavam que isso era síndrome de solteira e diziam: “Tadinha, ela quer casar logo, já está até montando a casinha...”.

Porém a revelação teve seu lado positivo: as pessoas começaram a se envolverem e enriquecerem a coleção junto comigo. Era um tal de prima vir com um modelo novo, tia comprar uma bonitinha na lojinha, vó achar um faqueiro antigo com uma colherzinha rebuscada...

O ápice da coleção foram as colheres internacionais. Em viagens a Espanha e Inglaterra meu pai encontrou o meu objeto predileto todo em prata e com brasões internacionais! Na maior surpresa ele trouxe os presentes embrulhados em papéis florais e protegidos por caixinhas plásticas revestidas internamente de veludo azul. Esses, de tão lindos, viraram meus chaveiros de todo dia. Confesso que já fiz uso deles. Quem não tem garfo, come de colher oras!

Mas afinal, qual é a graça de colecionar colheres? Buscar no usual e comum algo diferente. Tento ver, com um novo olhar, um objeto que todos usam diariamente. É poder estufar o peito e dizer: tenho 58 unidades diferente para provar que elas realmente são fantásticas!
* Biaca Müller, paulista, formada em desing gráfico, trabalha em moda. Gostaria de ter parido a Madonna. Contato: bia.mr@globo.com

O reduto do rock

Ellen Bacci Fernandes

Há 41 anos, os roqueiros de São Paulo têm um ponto de encontro fixo no bairro do Belém, na zona leste da cidade. É o Fofinho Rock Bar, tradicional casa noturna que abriga os fãs do bom e velho rock and roll e suas tendências.

A estudante de Direito, Renata Alves Silva, de 28 anos, recebeu dos pais – os fundadores do local em 1966- a missão de ‘tocar’ o espaço que em sua fase inicial era destinado aos fãs de soul e black music.

Com o surgimento do rock, os idealizadores aproveitaram a nova onda musical e decidiram arriscar por um caminho que trouxe toda a efervescência cultural no contexto mundial, como o movimento da contracultura e o período da ditadura militar do Brasil. “Aqui nós reunimos várias gerações. Há frequentadores antigos que agora trazem seus filhos para curtir”, diz Renata, orgulhosa por assumir o tradicional ‘templo do rock’.

Localizado na Avenida Celso Garcia, próximo ao metrô Belém, o Fofinho Rock Bar fica em um prédio de dois andares. No térreo, como não poderia faltar, há um bar sob o comando de uma simpática senhora, a dona Alzira, que é a avó da proprietária. Também há um palco onde as bandas se apresentam, além da disputada mesa de bilhar.

Já no primeiro andar há um grande salão com paredes totalmente pretas e luzes coloridas onde o público ‘agita’ os clássicos do rock selecionados por um disc- jóquei (DJ) que comanda a cabine há mais de 20 anos.

A programação da casa começa na quinta-feira quando rola o melhor da MPB, rock nacional, blues e clássicos do rock. Pode até causar surpresa a MPB ter seu espaço num ambiente frequentado por cabeludos e cabeludas. Mas Renata justifica: “Os roqueiros também curtem MPB”.

Aos sábados é a vez do melhor do heavy metal e seus estilos, como power, speed, death e trash metal, além de shows ao vivo com bandas undergrounds e já consagradas nacionalmente como o Made In Brazil que garante a lotação da casa. Aos domingos os frequentadores curtem o melhor da MPB e clássico do rock nacional e internacional. A proprietária ressalta que neste dia o som termina às 23 horas já que a maioria do público depende de transporte público.

Sobrevivência

Ao ser questionada sobre a sobrevivência da casa noturna diante de outros estilos musicais que podem até ser mais rentáveis que o rock e da especulação imobiliária na região, já que o imóvel está localizado em uma área que está sendo tomada por grandes empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais, Renata é direta. “O Fofinho está vivo por causa do amor que temos pelo rock. Eu e minha família nunca pensamos em abrir mão do local por causa da paixão pelo rock and roll”, declara entusiasmada.

No entanto, a proprietária admite que já recebeu propostas interessantes para a aquisição do imóvel, principalmente por parte de grupos religiosos. “Sempre surgem propostas tentadoras, mas nós resistimos”.

Para se manter há 41 anos na ativa e atrair novos frequentadores, Renata diz que o principal meio de divulgação, apesar da página na internet (http://www.fofinhorockbar.com.br/) e comunidades no Orkut, é a propaganda boca-a-boca.

Presença essencial

Ela teve a honra de servir um grande ídolo da música brasileira em meados dos anos 80 e há 41 anos comanda o bar do Fofinho. Essa é a dona Alzira, de 73 anos, que mantém a vitalidade e um pique invejável para qualquer ‘roqueiro de carteirinha’ na faixa dos 20 anos.

A avó da proprietária conta com orgulho que atendeu diversas vezes em seu bar o memorável Raul Seixas.“Ele era uma pessoa muito boa. Tinha o costume de vir aos domingos, sempre disfarçado para não chamar a atenção do público. Ele preferia ficar no andar superior. Mas quando alguém o reconhecia, era aquela loucura”, relembra, emocionada. “Nós sentimos muito quando ele morreu”.

Para dona Alzira, o trabalho no bar ‘é uma terapia’. “Converso com todo mundo, faço amizades e todos me tratam bem. Me sinto muito feliz aqui”, comenta. E a neta Renata completa. “Ela é a essência da casa”, diz.

Frequentadores ‘das antiga’

Assim como a maioria dos frequentadores do Fofinho Rock Bar, o geógrafo Leandro Ramos do Nascimento, de 35 anos, conheceu o local através de amigos. Ele conta que passou a frequentar o bar no início da década de 90, aos sábados e domingos, esporadicamente.

“Pegava o trem em Perus, na zona noroeste, o metrô na Barra Funda até a estação do Belém e seguia na caminhada até o Fofinho. Era um rolê que valia a pena principalmente porque na periferia não existia espaços voltados para o público que curte o rock clássico”, explica. O geógrafo acredita que a falta desse tipo de local tenha relação com o preconceito quanto ao público e as queixas contra o som alto. “Outro atrativo do local é o fácil acesso já que é possível se deslocar de trem, ônibus e o metrô”.

Ele, que naquela época tinha 20 anos, assume que ficou surpreso ao saber da existência de uma ‘discoteca’ para os fãs de rock. Nascimento conta que além de curtir o som de suas bandas preferidas, também conhecia pessoas de vários lugares de São Paulo e fez grandes amizades.

“Era e ainda é interessante escutar músicas de bandas como Black Sabbath, Uriah Heep, Emerson, Lake & Palmer, Lynyrdy Skynyrd, entre outros, e perceber que por mais ‘fora de moda’ que o classic rock possa aparentar, por influência da mídia, ainda há um público muito fiel a esse tipo de música”, defende.

Diferente de Leandro que após um tempo deixou de curtir o espaço, o comerciante Marcelo Accette Polizer, de 38 anos, conhecido como ‘Xuxa’, marca presença até hoje. “Lembro que quando comecei a vir no Fofinho tinha uns 18 anos e naquela época havia fila para comprar ingressos”, conta.

Semanalmente ele não abre mão de pelo menos dar uma passada na casa do rock para reencontrar amigos, fazer novas amizades e tomar uma ‘breja’(cerveja). “Passei e ainda passo ótimos momentos aqui. Ainda tenho o costume de acampar com grandes amigos que fiz no Fofinho. É um lugar muito especial”, define.

Tony Ufo tem 40 anos e há 20 faz parte do público fiel do Fofinho. Ele é uma prova de que ‘os bons filhos à casa tornam’ porque agora curte o espaço ao lado da filha, fruto de um relacionamento com uma garota que conheceu lá. “Aqui há lugar para a geração nova e o ‘pessoal das antiga’. Rola um som muito bom.”

NOTA DA AUTORA : Eu, Ellen Bacci Fernandes, me considero uma freqüentadora ‘das antiga’ como a galera do Fofinho costuma definir. Assim como muitos, conheci o lugar através de amigos e dependia de condução para chegar até lá. Ia de trem de Jundiaí até a estação Barra Funda, o que levava umas duas horas, e pegava o metrô até a estação Belém. Retornar ao Fofinho após quase dez anos para fazer essa matéria me trouxe boas lembranças de uma época inesquecível. Posso dizer que resgatei o espírito rock and roll da minha adolescência.


VÍDEO: Gustavo Moura (edição), Márcio Conde e Ellen Bacci Fernandes (produção)
*Ellen Bacci Fernandes, jundiaiense,formada em Jornalismo pela Fiam. É repórter do Núcleo de Especiais do Jornal de Jundiaí e freelancer. Gostaria de ter parido o rock and roll. Contato: efernandes2306@gmail.com

Vamos cupopiá?

Como uma língua que mistura o português com dialetos africanos da época da escravidão ainda vive no Brasil do século 21

Por Juliana Mir Tonello



Cupopiá significa falar, na língua Cupópia. Mas cupopiá hoje é privilégio - ou persistência - de poucos. A língua, criada no Brasil com origens africanas, já foi a principal comunicação de uma comunidade rural no interior paulista no século 19. Hoje, é falada fluentemente por apenas três pessoas, bisnetos dos escravos Ricarda e Joaquim Congo, fundadores da comunidade que um dia já foi quilombo, chamada Cafundó.

Apesar da origem banta, o idioma de família nígero-congolesa foi criado em terras brasileiras. Ele nasceu nos tempos da escravidão, no Caxambu, bairro rural do município de Sarapuí, interior de São Paulo, e, daí, espalhou-se para um quilombo próximo, hoje único na região, o Cafundó. “A língua aconteceu aqui no Brasil. A estrutura de frase dela é da língua portuguesa”, explica Sílvio de Andrade Filho, que pesquisa a cupópia desde 1988. Já as palavras utilizadas são todas de origem africana, com exceção de algumas expressões, como “respeito do ngobe”, que pode ser traduzida como “respeito do boi”, e é usada para designar arame farpado.

Mesmo com um vocabulário de apenas cerca de 150 palavras (a língua portuguesa tem quase 230 mil), não é possível compreender o que é falado. Além do significado inicial, cada palavra adquire outros sentidos no contexto em que é inserida, e novas expressões são formadas a partir da união de duas ou mais palavras. "Nangá do viso", por exemplo, ao pé da letra traduzido como roupa do olho, significa óculos.

Marcos de Almeida, presidente da associação de moradores do Cafundó, explica que, hoje, a cupópia aparece no dia-a-dia da comunidade apenas na presença de estranhos. “A gente usa mais quando chega uma pessoa de fora que a gente tem que conversar alguma coisa que não é pra eles entender.” Diz isso, e segue com frases trocadas com o irmão, e não traduzidas, diante desta repórter.


Juliana Mir Tonello (jutonello@gmail.com), 23 anos, é formada em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero e autora do blog ideiasinteressantes.wordpress.com

Gostaria de ter parido... taaaaantos textos criativos que já li.

Os novos ritmos da Igreja Católica

“Quem canta, reza duas vezes”, disse Santo Agostinho. Seguindo esta frase a Igreja Católica usa novos sons para manter seu rebanho e claro, resgatar fiéis dispersos

Por Janine Mendes

Axé, rock e heavy metal podem rimar com Deus. Duvida? A Igreja Católica brasileira tem usado esses ritmos como instrumento de evangelização. Caso você tenha pensado nos padres-cantores Marcelo Rossi e Fábio de Melo. Errou.

Mais de 100 mil cópias de CDs vendidas, DVD gravado em Salvador e citações em grandes veículos de comunicação depois da apresentação realizada no estádio do Pacaembu na visita do papa Bento XVI. Pensou em NX Zero? Errou de novo. Trata-se da banda católica Dominus. Surgida no final da década de 1980, em Belo Horizonte, a Dominus foi a primeira a inserir dança em shows de evangelização. Em suas apresentações, os mineiros misturam vários ritmos brasileiros, com destaque especial para o axé. No último Carnaval, a Dominus apresentou-se para um público de mais de 10 mil católicos, na sede da Comunidade Canção Nova, Cachoeira Paulista, interior de São Paulo. “Participar de um show da Dominus é sempre uma emoção. Eles fazem músicas para dançar, mas que falam do amor de Deus”, falou Deise Baptista, 27, fã da Dominus há mais de cinco anos.



Na mesma levada da Dominus está a Banda Alto Louvor, que virou até tema de tese de doutorado (Em ritmo de “pra God”: usos, ressignificações e apropriações da cultura contemporânea na música jovem católica – Adilson Rodrigues da Nóbrega –Universidade Federal do Ceará). A Banda Alto Louvor nasceu em Salvador há seis anos e mistura samba, pagode e axé. Assim como a Dominus, também usa bailarinos em seus shows. O único CD da banda – “Chega pra Cá” - foi lançado para um público de mais 200 mil espectadores, em julho de 2008, no evento católico chamado Halleluya, realizado em Fortaleza-CE.


Mas como é possível dançar para Deus sem mostrar a sensualidade que os ritmos como axé e pagode pedem? “O que nos leva a uma dança sensual é o conteúdo das letras de duplo sentido. Quando se tem uma letra que traga em si uma cultura de paz, a dança, por conseqüência, se torna uma grande expressão de alegria e louvor”, disse Itamar Santos, vocalista da Banda Alto Louvor. Duvida? Confira no vídeo abaixo.




Mas nem só de axé vive o católico. Um grupo de jovens e a vontade de servir a Deus de forma diferente fez surgir no final da década de 1980, em Campinas, interior de São Paulo, a Banda Rosa de Saron. O objetivo do grupo: usar rock’n’ roll para evangelizar. O CD inaugural do grupo - Diante da Cruz - lançado em 1994 é considerado o primeiro católico de Heavy Metal/Hard Rock do mundo.


Recém-contratados da gravadora Som Livre, o Rosa de Saron é um fenômeno na Web. Um vídeo no You Tube com a música Sem você tem mais de três milhões de acessos e no site de relacionamento orkut há uma comunidade com mais de 110 mil participantes dedicada a eles




Outros artistas católicos
Cosme – Cantor que mistura axé, samba e soul. Cosme se considera mais um animador que cantor
DDD (Doidin de Deus) - Dupla que evangelizar através do ritmo do forró
Jake – Cantora de axé. Seu estilo lembra muito Daniela Mercury. Ficou conhecida pelo vídeo postado no you tube com o hit “Pó pará com pó”. Já cantou até com Ivete Sangalo.
Orasamba – Como o nome diz, o Orasamba é uma banda que toca samba. Seu vocalista Jurandyr Mello, é filho de um dos fundadores da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, “seu Candinho”.
The Flanders – Uma banda que mistura punk rock e hardcore. Suas músicas possuem letras criativas cheias de humor.

*Janine Mendes, 26 anos, é formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, Bancária por necessidade, são-paulina roxa, apaixonada pelo esporte bretão e voluntária no site www.matrizsantaluzia.com.br e na equipe de Comunicação da Renovação Carismática Católica da Diocese de Santo Amaro.

Gostaria de ter parido... Papa João Paulo II
janinemendes@gmail.com

Em terra de Saci...

A cultura caipira preservada pelo cotidiano dos moradores de São Luiz do Paraitinga.

Por Juliana Nakaharada




Em uma cidadezinha serrana de São Paulo localizada entre Taubaté e Ubatuba chamada São Luiz do Paraitinga, há quem diga ser o berço do saci pererê, tendo até em seu calendário o Dia do Saci, comemorado em 31 de outubro, mesmo dia em que muitos lugares por aí estão comemorando o dia das Bruxas.

O Sr. Zizi é uma dessas pessoas que afirmam a existência do negrinho de uma perna só na cidade, contando que em seu sítio, um pouco retirado do centro de São Luiz, as visitas dos Sacis são freqüentes: “Vários deles me visitam por lá.” - diz ele - “Eu sempre os vejo”.

Tamanha é a adoração e credibilidade do Sr. Zizi, que ele passou a levar isso como empreendimento, abrindo a pousada e camping do Saci, localizado próximo ao centro histórico. No carnaval e nas outras festividades da cidade, para garantir sua vaga, é necessário reservar com muita antecedência devido a sua popularidade.

Ele também é responsável pelo Bloco do Saci, que anima o famoso carnaval da cidade: um carnaval a moda antiga, com seus bonecos gigantes, blocos e marchinhas, que chega a receber até 10.000 pessoas por dia em seus 4 dias de folia. Seus seguidores saem todos a caráter, pintados de preto, com cachimbo na boca, gorro e shorts vermelhos.

O Sr. Zizi e a cidade de São Luiz do Paraitinga é prova de que a cultura caipira ainda é valorizada e não deve ser esquecida.

A HISTÓRIA VERÍDICA DA MENINA E A MARMITA

A menina todos os dias levava a marmita para o pai na roça. Certo dia, quando o pai chegou em casa, perguntou à mãe:

- Mãe, cadê minha marmita? - e a mãe responde:

- Pai, cadê minha menina? - e ambos se desesperam e mobilizaram os amigos a procura da filha.Passaram-se dias, semanas, meses e nada de encontrá-la. No terceiro mês desistiram das buscas, concluíndo que a menina havia morrido e que talvez até uma onça já a tivesse comido.Por volta do sétimo mês do desaparecimento, um homem estava na mata e avistou uma menina brincando alegremente. Ao se aproximar percebeu o vestidinho todo esfarrapado e o cabelo todo embaraçado aos nós. Ele a levou até os pais que a reconheceram na hora e foi uma festa só!

Passados alguns dias o pai perguntou a menina o que havia acontecido para ela ter sumido por tanto tempo. A menina então contou:
- Quando eu est
ava indo levar sua marmita encontrei um amiguinho no caminho e começamos a brincar. Quando vi já havia anoitecido e ele sugeriu que eu dormisse lá e fosse embora ao amanhecer. No dia seguinte chegaram mais crianças e era tão divertido que anoitecia e eu deixava para ir embora no outro dia. Assim os dias foram passando e sabe o que era mais engraçado pai? De todas as crianças só eu tinha as duas pernas!

*Juliana Nakaharada,formada em desenho industrial com ênfase em design gráfico, trabalho com marketing e adoro usar a criatividade!!! Gostaria de ter parido "O Pequeno Príncipe".**

Vende-se... nas linhas da CPTM

Por Aline Fidalgo

Todos os dias 1,6 milhão de pessoas passam pelas seis linhas dos trens da CPTM. Resultado: trens lotados, muito empurra-empurra, odores bem desagradáveis e aparelhos sonoros tocando simultaneamente diversos gêneros musicais. Como se tudo isso não bastasse, a cada estação os vagões são invadidos por ambulantes que ignoram os avisos do maquinista, que sempre adverte: “o comércio nos trens é proibido!”.

Situação 1: o vendedor de chocolate entra no trem e abre as suas caixas e oferece aos passageiros pelo preço módico de R$1,50. Mas, de repente, ele faz uma promoção maluca de DOIS chocolates por R$1,00, dizendo que os guardas da CPTM estão no outro vagão e que agora ele tem que vender mais rápido porque não vai perder a mercadoria. Assim, a galera vai ao delírio, comprando aos montes!

Esse é apenas um dos itens vendidos diariamente nos trens. Além de chocolates, água, cerveja, picolés, chicletes, mapas do Brasil, pilhas palitos, cortadores de unha, máquinas de barbear, canetas mágicas (aquelas que o que se escreve pode ser apagado), dicionário de inglês e mais uma infinidade de objetos “úteis” fazem a festas dos passageiros e, principalmente, dos ambulantes.

Situação 2: o vagão está em silêncio. Porém, quando o trem para na estação seguinte e, não um apenas, mas TRÊS vendedores adentram o recinto e começam a oferecer seus produtos. O barulho toma conta do espaço, ainda mais porque um deles vendia aquelas máquinas de barbear e, para mostrar que funcionava mesmo, enquanto ele falava, mantinha o aparelho ligado por todo o trajeto. Um caos!

A CPTM informa que as medidas tomadas em relação aos vendedores não são tão eficazes, pois a maioria deles entra nos trens com mochilas e só retiram a mercadoria quando tem a certeza de não correr nenhum perigo.

Além disso, os trens contam com a ajuda da guarda da própria CPTM e da guarda metropolitana para conseguir coibir a ação dos ambulantes. Porém, eu como usuária cotidiana da Linha Diamante da CPTM, garanto: não é o suficiente.

Aline Fidalgo, paulistana, formada em letras desde 2007. Gostaria de ter parido Gabriel Garcia Marques. Contato: aline.mignella@gmail.com

terça-feira, 16 de junho de 2009

Uma vítima na Pedroso


Por Glaucia Lima

Cidade de São Paulo no elegante bairro de Alto de Pinheiros, avenida Pedroso de Moraes. Exatamente no meio do canteiro central, é onde reside. Não tem como não notá-lo. Trata-se de um homem vestido com roupas encardidas, calças rasgadas, uma de coroa de plástico na cabeça. Ele simplesmente está sentado num latão de óleo no meio do canteiro central e parece já pertencer à paisagem. O que intriga, é que ele cultiva um hábito nada comum aos de outros moradores de rua. Ao invés de pedir esmola no farol mais próximo, Raimundo Arruda Sobrinho passa o dia todo escrevendo. Embora afirme que seus escritos são como diários, pensamentos que não interessam a ninguém, ele monta livretos desenvolve as próprias capas, encaderna com linha e agulha e distribui cópias feitas a mão para as pessoas que se interessam por sua vida e textos. As tiragens geralmente são de 45 exemplares e todos são assinados com um pseudônimo: O Condicionado.

Poucos imaginam que Raimundo conhece a obra de escritores como Machado de Assis, Luis de Camões, Castro Alves, Mário de Andrade e os irmãso Augusto e Haroldo de Campos. Admira o ensaísta Paulo Prado, de quem leu e releu "Retratos do Brasil". Em seus escritos cita o psiquiatra espanhol Emilio Mira y Lopes, autor de “Os Fundamentos da Psicanálise” e tem perfeita lucidez sobre sua condição de marginalizado. "Vivem perguntando se sou um escritor. Ora, como alguém em sã consciência pode achar que um escritor estaria na situação em que me encontro?"afirma. Assim como não gosta de ser confundido com um escritor, também detesta ser chamado de mendigo. “Sou uma vítima das oligarquias econômicas”declara. Do pouco que revela da sua vida, diz que era assíduo leitor do Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo, na década de 60. "Naquela época havia intelectuais de verdade, que sabiam polemizar, sabiam escrever um texto. Não estou falando de escritores que lêem os outros, roubam argumentos e escrevem seus livros. Esses não valem nada. Infelizmente, são a maioria"filosofa.

Goiano, nascido na zona rural em 1938, Raimundo veio para São Paulo aos 23 anos de idade. Foi vendedor de livros, teve uma boa biblioteca e uma coleção de fotografias. Em 1976 sofreu um surto e acabou internado num hospital psiquiátrico. Quando saiu, foi morar na rua. Apesar da antiga paixão pela leitura, há mais de duas décadas não lê absolutamente nada, desde que se "desligou do mundo". Para ele, não existiram o videogame bélico da Guerra do Golfo, o desmantelamento do império soviético, o impecheament de Fernando Collor de Mello, a evolução tecnológica da informática e nem a comemoração dos 500 anos de Brasil. "Não sei quem é o prefeito, quem é o governador ou o presidente da República; não leio jornais, nem vejo televisão. As notícias do mundo simplesmente não me interessam", afirma de forma taxativa.

Mesmo isolado, sem amigos, família ou parentes, ele não demonstra nenhuma inclinação a ser carente, fraco ou oprimido Aqueles que o tratam como um desprotegido ou doente mental, recebem palavras duras. "A minha selvageria é equivalente à falta de cultura das pessoas. Só porque estou na rua, exposto a tudo, se acham no direito de me aborrecem com conversas vazias. Será que não percebem que estou trabalhando e cuidando da minha vida? "exclama. Apesar da agressividade, revela-se um homem educado e dono de uma ótima memória. Um dos poucos assuntos capazes de animá-lo para uma conversa mais duradoura é literatura. Quando envereda pela arte poética, uma de suas grandes paixões, pelo menos no tempo em que ainda estava "ligado" no mundo, os comentários são desconcertantes. "Depois dos Campos, aqueles dois irmãos que criaram a poesia concreta, não aconteceu nada de extraordinário na poesia brasileira”, declara.

Como um enigma, uma acusação explícita às injustiças sociais, ele simplesmente permanece ali, no meio do canteiro central de um bairro rico de uma metrópole que se autointitula internacional. "Muitos fingem desconhecer a realidade em que vivemos e me perguntam por que estou morando aqui. Não tenho mais paciência para explicar o que elas se recusam a ver”. Aos que insistem, Raimundo responde categórico: "Há uma famosa lei da física que diz que um corpo tem que ocupar um lugar no espaço",filosofa.

*Sou paulistana , corintiana roxa, formada em comunicação social com habilitação em publicidade propaganda - Unip. Estudante de Jornalismo -FIAM/FAAM.

Caminhando no escuro

Por Thaís Matsumoto

Com os olhos vendados e os pés descalços, recebe-se um convite. Pelas mãos de um monitor, o participante adentra o trajeto de 65 metros da Trilha da Vida, o sugestivo nome de uma experiência que ocorre em meio à vegetação do Parque Ecológico do Guarapiranga, na zona sul de São Paulo.

São cerca de 30 minutos de intensa exploração. Ao participante, abre-se um mundo completamente novo. Tudo o que a trilha apresenta vira informação relevante: um galho que roça o rosto, uma folha que cai perto dos pés, um som desconhecido, outro, familiar, um sabor. É uma infinidade de registros que nosso corpo precisa aprender a processar em virtude das limitações ora impostas. Limitações que amplificam nossa percepção sensorial: a audição fica aguçada, o olfato curioso, o paladar e o tato, mais despertos. Nosso corpo se abre para a natureza.



Entrada da trilha sensorial


Sem acesso ao bombardeio de informações visuais, lembranças são ativadas e revividas em maior intensidade. Um objeto estranho posto às mãos provoca certo pavor: como reconhecê-lo sem vencer o medo? Há que saber do que se trata e seguir adiante na divertida apalpação. Quase como numa exploração infantil do mundo, a trilha permite estimular a curiosidade e descobrir adormecidas sensações.

O passaporte para as trilhas de São Paulo dá acesso ao circuito. Ele custa 5 reais, dá direito a usufruir de 40 trilhas do Estado e pode ser adquirido no próprio local e em outros 18 parques. (Veja a relação completa em http://www.trilhasdesaopaulo.sp.gov.br/).

A Trilha da Vida tem uma equipe de monitores à disposição. Eles acompanham o visitante durante todo o trajeto e depois colhem dele as impressões mais marcantes. É possível fazer essa viagem de terça a domingo, das 8 às 17 horas, no Parque Ecológico do Guarapiranga, que fica na Estrada do Riviera, nº 3286. Tel: 5517.6707 / 5517.6255. Ficou curioso? Experimente!

* Thaís Matsumoto é paulistana, jornalista desde 2004 e cursou dois anos de pedagogia. Trabalha no Tribunal de Justiça e gostaria de ter posto no mundo Paulo Freire.
thais_matsumoto@yahoo.com.br

Lixo em exposição

Por Thaís Matsumoto

Geladeira, fogão, liquidificador, pia, sofá. Estes objetos poderiam fazer parte de uma casa qualquer, mas estavam no lixo. E não no lixo convencional, aquele coletado por companhias de limpeza urbana. Eles estavam até bem pouco tempo atrás, dentro das águas da represa Guarapiranga, a mesma que abastece 25% da população da Grande São Paulo.

Há um total de 302 peças expostas no Museu do Lixo, todas coletadas através de mutirões na represa, realizados entre 1999 e 2001. Entre elas, pneus, garrafas, brinquedos, aparelhos de som, fotocopiadora e até a carcaça de um carro.

Algumas das peças expostas no Museu do Lixo


A diversidade dos objetos expostos faz questionar por qual motivo alguém jogaria um eletrodoméstico ou um automóvel na represa. No livro "Metodologia aplicada a museus", Fausto Henrique dos Santos explica que museus são produtores de conhecimento: "a partir do acervo, pode-se obter o entendimento do tempo e da sociedade", escreve ele.

A prática comprova a tese do especialista. De acordo com a monitoria do Museu do Lixo, os objetos coletados em cada região da bacia do Guarapiranga refletem seu entorno. Assim, nas proximidades do bairro Jardim Aracati, região de desmanches, foram encontradas peças automotivas; na região do Jardim São Francisco, de alta densidade populacional, foram recolhidos utensílios domésticos e brinquedos; com alta concentração de bares, o trecho da represa próximo à avenida Robert Kennedy concentrou cascas de coco, garrafas e latas.

Objetos recolhidos em mutirões na represa Guarapiranga

Para evitar o descarte de materiais semelhantes na represa, o museu realiza atividades monitoradas e oficinas para crianças e adultos, visando sensibilizar e conscientizar a comunidade de que a represa não é aterro sanitário e que muitos objetos poderiam ganhar outros destinos, como a reciclagem, por exemplo.

O Museu do Lixo fica no Parque Ecológico do Guarapiranga (Estrada do Riviera, 3286) e abre de terça a domingo, das 8 às 17 horas. Tel: 5517.6707 / 5517.6255. Saiba mais em:
www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/turismo_parques_ecologico-guarapiranga

* Thaís Matsumoto é paulistana, jornalista desde 2004 e cursou dois anos de pedagogia. Trabalha no Tribunal de Justiça e gostaria de ter posto no mundo Paulo Freire. thais_matsumoto@yahoo.com.br

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Xixi multifuncional

Por meio da urinoterapia, conheça as finalidades da urina desde o instante em que ela é eliminada à possibilidade de ser ingerida

Por Dalila Penteado

Certamente você não será a primeira pessoa e tampouco a última a ouvir aquele famoso ditado: 'Tudo o que entra, sai'. Com isso, a questão neste momento é: “Será que tudo o que sai, também entra?”, ou melhor, será que todos conseguiriam degustar o xixi? Por conta da interrogativa, hoje, tentarei “desvendar” o ciclo vicioso da vida e mostrar as alternativas “bizarras” que alguns indivíduos têm buscado. Aliás, nem tudo o que é bizarro para você, significa fora de cogitação para outros. Um exemplo disso é a prática da urinoterapia. De acordo com Marcel Leoni, de 32 anos, o assunto se torna bizarro por causa da falta de informação. Ele enfatiza, inclusive, o estudo sobre o tema para que se vença qualquer tipo de preconceito.

Para quem não sabe, esta é também uma forma de buscar a harmonia do corpo, da mente e do espírito. De acordo com os seguidores, a prática previne e cura doenças. Prova disso, é o boato sobre a cura do câncer. Muitos relatos levam a crer que a primeira urina excretada após uma noite de sono é a ideal para a ingestão. Além de tomar, as pessoas também despejam em cima da pele com o objetivo de rejuvenescer e tratar queimaduras. Aliás, há também quem afirme a ação cicatrizante da mesma. Marcel se cortou no carro, despejou a urina no ferimento e após duas horas e meia ficou surpreso com o resultado. “Ela acelerou cerca de 70% o processo de cicatrização”. O ato fez com ele se tornasse ainda mais adepto. Durante um mês, colocou o xixi na tendinite das mãos e jura ter sido curado. Mas, por prevenção, Marcel segue o ritual até hoje.

Segundo uma informação sobre o tema, postada no site de conhecimentos gerais, "a maior eficácia da terapia depende também da alimentação, que requer ingestão de verduras, legumes e frutas, todos crus, e a ingestão de muita água". Enfim, acredite ou não, uma coisa é certa, o seu xixi tem muitas funções e é mais importante do que você imaginava. Por isso, beba sempre bastante água e lembre-se que a tão questionada urina, tanto poderá ser o motivo de alívio renal para uns, quanto servir para o uso de outros.


Para mais informações, acesse o site:
http://www.xistonet.com/urinoterapia.htm#2._O_que_é_urina


A paulistana Dalila Penteado, nasceu em 1985, é jornalista e repórter da TVA – Canal de São Paulo. Gostaria de ter parido Pablo Picasso.

Adeus Cavalheiros!

Não existem mais homens como antigamente, literalmente, não existem!

Por Elisabete Mazi


Todo dia é a mesma coisa: às 18h00 horas mais de 5,5 milhões de pessoas lotam os pontos de ônibus de São Paulo é a chamada hora do rush. Muitos levam cerca de duas horas para chegar ao destino final.

Em meio a essa correria, um hábito saudável foi esquecido. Não há mais cavalheiros no transporte público. Os homens atuais não dão preferência às mulheres na hora de subir nos ônibus, nem abrem mão do assento e muito menos seguram os pacotes durante a viagem. Ao contrário precisam ser os primeiros a entrar no coletivo e correm para ocupar os bancos vazios.

“É uma falta de educação! Sem respeito nenhum”, comentou a auxiliar de escritório Gabriela Ferreira, que constata todos os dias a falta de cavalheirismo dos homens. Muitos usam a desculpa que as mulheres querem igualdade.

O estudante de Administração Davi Ribeiro diz conhecer “cavalheiros”, mas eles não circulam nos horários de picos. Ele mesmo explica não ser um cavalheiro. “Tem muita mulher folgada”.

Davi esquece que grande parte das “folgadas” terão de chegar em casa cansadas do dia de trabalho e ainda: lavar, passar, cozinhar, limpar, cuidar dos filhos.

Mas pensando bem, nesse horário talvez seja melhor mesmo esquecer o cavalheirismo. Afinal a vida dos homens também é difícil. E se ele não conseguir entrar primeiro nos ônibus e sentar vai acabar de mau humor. E quem sofre com isso são elas.


Elisabete Mazi, guarulhense, formada em comunicação social com ênfase em jornalismo. Trabalha na parte de comunicação de uma ONG e como freelancer. Gostaria de ter parido o Silvio Santos.
Contato: comunicacao@projetomag.com.br

Sexo 40 graus


Depois de alguns anos, fatalmente, o relacionamento cai na rotina. Para driblar a monotonia vale desde participar de um curso de strip-tease até render-se ao sadomasoquismo

O casal se encontra, se apaixona, vive momentos arrebatadores, daqueles dignos de inveja. Com o tempo a chama vai diminuindo e a mesmice está instalada. Isso nada tem haver com amor, mas sim, com tesão. E, convenhamos, relacionamento em que o sexo não é satisfatório é um passo para as brigas. Para algumas pessoas, basta um jantar a luz de velas para esquentar o clima. Outros casais vão mais longe e mergulham nas fantasias sexuais. Que atire a primeira pedra quem nunca se imaginou fazendo uma loucura. Da imaginação à pratica real há uma diferença gigantesca. “As fantasias sexuais são importantes porque remete a realização dos desejos mais íntimos, mas é preciso estar seguro das conseqüências. Para tanto, o casal deve conversar e fazer um pacto, caso contrário o relacionamento pode estremecer,” revela a psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise, Adelaide Caillot
A designer de interiores, Fabiana Souza, imaginava transar com dois homens mas tinha vergonha de contar ao namorado. Depois de dois anos de relacionamento, num ambiente bem descontraído, regado a vinho, o rapaz revelou que gostaria de incluir um casal na relação. Fabiana aceitou mas viveu momentos de extrema ansiedade antes do dia D. “Decidimos ir a uma casa de swing. No início estava com muita vergonha mas depois me liberei. Não faria de novo mas valeu a experiência,”conta
O feito não abalou o relacionamento mas o casal evita falar sobre o assunto.
Nem todo mundo tem a coragem necessária para realizar suas fantasias sexuais, porém se elas teimam em invadir os pensamentos, vale procurar um terapeuta, sexólogo ou até um personal sexy trainner. Isso mesmo. Fatima Mourah é uma delas. Ela ensina desde técnicas de paquera a strip tease passando pela massagem erótica, pole dance- dança do poste e pompoarismo. “As mulheres estão a cada dia mais preocupadas com o desempenho profissional e na hora da conquista, do sexo, não sabem o que fazer, não tem sensualidade”, revela. A personal que atende mais de 500 pessoas ao mês, garante que quem participa de seus cursos e palestras mudam a forma como se vêem. “Não é preciso ter um corpo perfeito para exalar sensualidade. A maneira de olhar, se vestir e até de andar fazem toda a diferença. É preciso soltar as amarras e liberar o vulcão que existe em cada uma de nós.”
Que o diga Ana Flores uma das alunas do curso de strip tease. A advogada tinha a fantasia de conhecer uma casa de strip. Em uma bela noite tratou de realizá-la. “Nunca mais vou esquecer dessa experiência,”. O inicio da noite foi excitante com um show de strip tease, exibicionismo e brincadeiras. “Logo as pessoas começaram a se empolgar e quando me dei conta estava em cima do palco com um moreno sarado fazendo um show. Ele me levou para o camarim e ali realizei a melhor fantasia do mundo”

Entre tapas e beijos

Massagem, menage a trois, strip tease, que nada. Uma família de São Paulo gosta mesmo é de viver a dominação. O casal Rainha Naja e Paulo Luccas faz parte do clube dos sadomasoquistas. Eles são casados e donos da casa noturna Vahalla, especializada em fetiches. “Aqui, o sadomasoquismo é uma filosofia onde a mulher manda. Os homens cultuam a beleza e a supremacia feminina, mas são escravos e submissos em todos os sentidos, inclusive no sexo, com chicotes nos homens, algemas e pisoteios no corpo masculino com salto 15,” revela Rainha Naja.
Para quem quer ter uma experiência sadomasoquista, a Rainha Naja, dá algumas dicas de humilhações;

- Obrigar o homem a tomar o próprio esperma, após o orgasmo.


- Dirigir-se à mulher como senhora, madame, etc.


- Torná-lo cinzeiro humano.


- Fazê-lo implorar por cigarros, bebida, etc.


- Andar "de quatro".


- Urina ou esperma na comida.


- Vestir como a mulher mandar.


- Comer em recipiente para animais.


- Comer no chão ou na mão da mulher.


- Comer sem utilizar talheres ou utensílios.


- Ser alimentado em um restaurante.


- Usar um laço feminino no pescoço.


- Masturbação forçada em lugares públicos ou diferentes.


- Comprar roupas femininas e perguntar se serve.


- Usar coleira.


- Chuva dourada.


- Algemas em público.


- Ficar algemado a um carrinho de supermercado, enquanto a mulher faz compras.


- Ser utilizado como suporte para lixo.


- Imobilização.


- Ser levado numa coleira e com um osso na boca.


- Ter que andar em ruas onde as prostitutas trabalham.


- Ter que urinar na frente de outros ou não, naquelas caixinhas para gatos.


- Serviços de empregada.


- Escrever a palavra "escravo" na pele com protetor solar e obrigar o homem tomar sol.


- Ficar no canto de castigo.


- Escrever no corpo palavras humilhantes.


Paula Reis é jornalista freelancer. Trabalha como repórter, redatora publicitária e no planejamento editorial, tanto no meio impresso quanto na web. Gostaria de ter parido diversos os poemas e crônicas da Clarice Lispector. paulareispress@gmail.com